quarta-feira, fevereiro 01, 2012

CADÊ O JUÍZO, GOVERNADOR?


O secretário-executivo do CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente, Germano Seara Filho, presidiu a audiência pública do EIA RIMA do contorno sul, realizada ontem, 31/1/12, no Teatro Municipal de São Sebastião. O consórcio JGP/AMBIENTE BRASIL produziu o relatório e a apresentação foi feita por Ana Maria Iversson, socióloga, responsável pela coordenação geral da equipe técnica
Os prefeitos de São Sebastião e Ilhabela, Ernane Primazzi e Antonio Collucci, manifestaram contrariedade em relação ao processo de elaboração do EIA RIMA. Ernane foi além, pedindo o reinício dos trabalhos e a efetiva participação dos quadrostécnicos da prefeitura de São Sebastião, condição essa que teria evitado uma série de ‘soluções’ inadequadas que o projeto apresenta, especialmente relacionadas ao traçado e a outras implicações que ele acarreta. 
O secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito do Rego, anunciou que havia solicitado a realização das audiências em outras datas, em razão de que neste período de alta temporada a população (trabalhadores e empresariado) não dispõe de tempo para tomar conhecimento do projeto, acompanhar os eventos e participar de sua discussão. Prosseguindo, informou que o pedido não foi atendido, resultando em uma ação judicial que determinou a realização de novas audiências, em breve.
Alguns aspectos do projeto foram alvos de mais questionamentos:
Sobre os acessos intermediários da rodovia do contorno ao Jaraguá (km 122), ao bairro São Francisco (km 126) e à Topolândia (km 131), locais onde estão previstas rotatórias que provocarão ‘alteração na circulação e mobilidade’, centenas de desapropriações de imóveis e outros grandes danos e incômodos, durante e após as obras, sabe-se agora que, em 2008, a projeção de acessos intermediários foi solicitada pela Prefeitura de São Sebastião. Sabe-se também que está prevista a circulação de milhares de caminhões, diariamente.
Embora a projeção do fluxo de tráfego mostre um cenário mais positivo do que o atual, por um delírio dos consultores, o diretor do DER recomendou que para evitar a circulação de caminhões pelo meio urbano (SP 55) pode-se fazer a segregação do tráfego. Segundo ele, isso é coisa que a prefeitura resolve acionando sua fiscalização de trânsito. Ora, a prefeitura não tem conseguido trocar uma lâmpada sequer, porque o DER não a autoriza.
Sobre a movimentação de milhões de metros cúbicos de terra também não houve resposta. Sobre os danos que serão causados pelas obras ao meio urbano  foi respondido que as empresas construtoras são obrigadas a restabelecer as condições encontradas antes do início das obras e a prefeitura deve acompanhar esse andamento. A construção de ciclovia está fora dos planos. As desapropriações seguirão o padrão DERSA.
O Governo do Estado de São Paulo tem preferência pela construção de rodovias. Foi dele a escolha desse modal. Evidentemente, mostra que não tem nenhuma preocupação com o destino de São Sebastião e tampouco juízo.  As cidades envolvidas na operação do porto de Santos já fazem planos para a implantação de um Sistema Teleférico de Transporte de Carga, ligando o Planalto Paulista e a Baixada Santista. 
Essa alternativa chegou a ser sugerida, há alguns anos, para o porto de São Sebastião, porque soluciona também a questão retroportuária, que se localizaria em uma das cidades do Vale do Paraíba. Isso sim é moderno, avançado e promissor e não, o projeto atual, ultrapassado em tudo, a começar pela conclusão a que chegou o consórcio JGP/Ambiental Brasil, definindo a obra como ambientalmente viável
Enfim, essa é a senha que o Governo do Estado pretendia obter. Mais um próximo passo, a obtenção da licença prévia, e o empreendimento estará apto para ser levado à licitação, via PPP-Parceria Público Privada... pois é, privada... faz sentido.   

Nenhum comentário: