quinta-feira, maio 24, 2012

PORTO E CONTORNO - DÚVIDAS, DÚVIDAS, DÚVIDAS...


Foto: Fernando Mendes

No dia 21 de maio de 2012, segunda-feira, foi realizada no Teatro Municipal de São Sebastião a 4ª audiência pública sobre a construção do Contorno Caraguatatuba - São Sebastião, baseando-se o empreendimento na seguinte Justificativa e nos seguintes AspectosOperacionais.
Traçado do Contorno - Trecho São Sebastião
Foram relatadas mudanças efetuadas no traçado do empreendimento no bairro Enseada e a partir do bairro Morro do Abrigo até a Topolândia. Essas mudanças encurtaram o percurso em cerca de 1 (um) quilômetro e reduziram o número de viadutos e túneis previstos. Nos bairros Morro do Abrigo e São Francisco não serão mais construídas a alça de acesso e a rotatória de intersecção com a Avenida Manoel Hipólito do Rego (SP 55). Na Topolândia, a abertura do arco da rotatória reduzirá a demolição de imóveis residências e comerciais.
Desapropriações
A previsão inicial, baseada no mapeamento do ano de 2005, indicava a existência de 864 imóveis na área de domínio - em toda a extensão da Rodovia do Contorno Sul (SP 053). As mudanças no traçado reduziram esse número para 644 imóveis (- 220). Porém, projetando-se o novo traçado sobre as imagens atualizadas (2009), verificou-se que o número de imóveis existentes na área de domínio do empreendimento aumentou, chegando a 987 - leia mais sobre as diretrizes para Desapropriação,Desocupação e Reassentamento. Esses e outros imóveis que tenham sido construídos desde então (2009) serão desapropriados, desocupados e demolidos antes do início da obras, previsto para ocorrer em 2013.
Comunicação Social
A construção do Contorno (SP 53), uma obra com cerca de 31 quilômetros de extensão, ligando a Rodovia dos Tamoios, desde Caraguatatuba, ao Porto de São Sebastião, certamente provocará um grande número de incômodos, previstos, imprevistos e imprevisíveis, à rotina diária da população, causados pela quantidade e dimensão de intervenções projetadas na área de influência direta do projeto, em São Sebastião.
O texto do ‘Programa de Comunicação Social Durante a Construção’ revela que “dará continuidade às ações iniciadas na etapa de planejamento das obras junto às prefeituras municipais e comunidades lindeiras afetadas pela localização do traçado da rodovia”, mas não há no documental do EIA RIMA registros de quais teriam sido essas ações nem de quando e através de quais meios foram executadas - leiam ComunicaçãoSocial.
Apontamentos sobre a audiência:
1. O cronograma do empreendimento apresentado durante o evento assinala a realização das duas audiências mais recentes, nos dias 16 de maio (Caraguatatuba) e 21 demaio (São Sebastião),  a obtenção da LP - Licença Prévia, até o mês de julho,  a Licitação do empreendimento, durante o segundo semestre de 2012, e o início das obras, em 2013;
2. A população deseja a redução do número de desapropriações, assegurado-se aos desapropriados o direito à informação antecipada, alternativas de escolha do local da futura moradia, indenização justa pela desapropriação dos imóveis, ocupação imediata da nova moradia - assim que tiver que deixar o imóvel desapropriado; subsídio integral da nova moradia aos que serão indenizados pelo valor das benfeitorias.  
3. A Prefeitura de São Sebastião encaminhou ao DER um ofício com mais de 15itens para serem avaliados em relação à execução da obra. O secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito do Rego, fez observações importantes sobre a condução do processo, das quais peço atenção à seguinte: “...[o EIA] como instrumento de política pública perpetua uma obra de pouca integração e desprovida do necessário estudo de alternativas para mobilidade urbana.
Ajustes nos procedimentos - sugestão:
1. O cronograma do empreendimento, após a obtenção da Licença Prévia, deve, imediatamente, considerar o início da implantação do Plano de Comunicação Social, que está prevista para acontecer durante a obra;
2. A etapa de desapropriações, desocupação e reassentamento da população deve ser iniciada e plenamente executada antes do início da obra, evitando-se assim a transferência das famílias afetadas para alojamentos, possibilidade essa prevista no EIA RIMA;
3. A mobilidade urbana, especialmente na AID - Área de Influência Direta do projeto do Contorno e também no PIPC - Plano de Integração Porto Cidade - leiam IMPACTOS, realmente não recebeu tratamento nenhum, tanto no EIA RIMA do Contorno quanto no EIA RIMA do Porto. Os documentos não apresentam alternativas e são inconsistentes na abordagem dessa questão e de suas implicações com o meio urbano:
  • Qual a capacidade do estacionamento projetado na área portuária - 83 mil m²?
  • Onde ficariam estacionados os caminhões enquanto aguardam o carregamento ou o descarregamento?
  • O transporte de cargas entre as áreas portuária e retroportuária não foi considerado nos estudos realizados na projeção do nível de serviços da SP 55 - Avenida Manoel Hipólito do Rego;
  • O incremento da circulação de veículos de passeio e comerciais na SP 55 - Avenida Manoel Hipólito do Rego - não considerou a evolução de toda a cadeia de serviços do setor portuário, utilizando-se da taxa de 2,6% ao ano - histórica - na modelagem de futuros cenários. 

2 comentários:

Unknown disse...

Muito boa suas colocações Papine...

Vitório M. M. Papini disse...

Obrigado, Belera!